Ser imigrante

Pr. Pedro R. Artigas

Igreja Metodista

 

Temos vivido tempos de muita agitação em todo mundo, as pessoas saem de suas terras devido a diversos fatores como a fome, a guerra, desacertos políticos enfim as causas são muitas, e fica uma pergunta, como devemos agir nesses casos.

Se olharmos por exemplo para os países do Oriente Médio onde a Síria está em guerra há mais de 6 anos, e o governo olha para seus habitantes como sendo todos terroristas ou assemelhados, e o povo precisa viver escondido e sob bombas de alto poder de destruição quase que diariamente. E de vez em quando o governo lança um ataque com bombas químicas e mata mais cidadãos civis que combatentes. E o povo precisa então de refúgio em outros países do mundo, para onde então?

Na Ásia o Afeganistão, na África a Somália, e diversos outros países, ainda no Oriente Médio o Iraque, Irã, os Curdos. Na América Latina a Venezuela, a Colômbia, o Haiti.Como podemos ver são muitas pessoas que estão saindo de suas terras para tentarem viver em outros lugares. Deixam para trás toda uma história, todo um costume, toda uma vida. Poderíamos dizer, mas são todas pessoas pobres e de baixa escolaridade que não sabem ou não tem uma profissão definida, não é verdade, são pessoas que tinham uma vida estável, tinham suas profissões, seus comércios, empresas e agora não tem mais coisa nenhuma,  vivem em abrigos ou tendas em qualquer lugar, comem quando arrumam comida, moram debaixo de árvores, em parques, vagueiam pelas estradas buscando abrigo.

Não são nômades, mas vivem como se fossem, levam o pouco que lhes restou, vivem de uma lembrança. Alguns estão chegando ao Brasil, atravessando o Oceano, outros são mais próximos como os venezuelanos e colombianos, ou haitianos que chegaram a pé a procura de um lugar, mas será que isso é uma coisa nova? Será que somente agora aconteceu?

Voltemos nossos olhos para o texto bíblico e ali veremos que Abraão também foi imigrante, saiu de sua parentela para um lugar onde Deus haveria de dizer, saiu por fé, levou consigo sua família e seus pertences, habitou no deserto, mas viveu sob a orientação de Deus. Seus filhos depois foram movidos pela fome a imigrarem para o Egito, onde ali permaneceram como escravos por 400 anos até serem resgatados por Moises e levados para a terra Prometida. Mais tarde o povo hebreu é levado cativo para a Babilônia e o salmo 137 nos fala dessa situação, e o povo como escreve o salmista no versículo 1: “junto aos rios da Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião”.

Hoje quando as pessoas chegam e começam a viver entre nós precisam de uma nova identidade, aprender o idioma, aprender como vivemos para que possam se ajustar e continuar suas vidas, mas será que não choram ao lembrarem-se de suas terras? Será que ao pedirmos que as pessoas cantem suas canções como faziam os babilônios não estaremos nós também fazendo-os lembrar do que deixaram para trás? E como igreja de Cristo como estamos ajudando essas pessoas a se integrarem em nosso País? Estaremos apoiando e ajudando para que possam se ajustar entre nós? Estaremos estendendo a mão em apoio, ou estaremos nos virando e deixando que sofram a dificuldade e passem a necessidade pois temos medo de sua concorrência no mercado de trabalho?

Seria essa a atitude de Cristo? No livro de Levíticos, esse livro é o compêndio de leis estabelecidos por Deus para todos nós, está escrito no capítulo 19, versículos 33 e 34 o seguinte: “Quando um estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o maltratareis. Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrinar convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus”. 

Aqui está descrito como devemos tratar todo aquele que chegar entre nós como imigrante ou refugiado, tratá-lo com amor, com dedicação para que sua integração entre nós seja a melhor possível, não devemos escravizá-lo, ou menosprezá-lo, pois também nós somos peregrinos na terra, nossa pátria é a celeste, Deus quer que façamos aos outros como queremos ser tratados em todos os lugares. Pensemos nisso nesse momento de grande transformação pelo qual passamos em nosso País e no mundo. Shalon.