Remorso ou arrependimento - Pr. Pedro R. Artigas
Remorso ou arrependimento
Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista
Eu creio que um de nossos maiores dilemas é eu perdoo ou desculpo. O ato de pedir perdão envolve além do perdão o arrependimento, pois só podemos efetivamente perdoar se nos arrependermos do ato praticado por nós ou contra nós. Pode parecer estranho, mas dentro do cristianismo é assim que funciona.
O ato de desculpar é que não quero perdoar, e a desculpa torna-se mais fácil ao não implicar em mudança de atitude da minha parte ou contra outrem. Quando não desculpo, posso continuar amargando o ressentimento de raiva, ou de frustração de que fui prejudicado, e que não fui efetivamente culpado pela situação. Em outras palavras sou vítima, e o outro é o culpado pela minha situação.
Na segunda carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, capítulo 7, versículo 9 diz o seguinte: “ a tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva a salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte”. Ao analisarmos esta palavra podemos encontrar o seguinte: os dois sentimentos são marcados por grande tristeza e aflição, porém são completamente diferentes um do outro. Primeiro a tristeza ou remorso do “mundo” não produz mudança verdadeira, mas o arrependimento produz.
Podemos também dizer que o remorso é sentimento horizontal, “do mundo”, mas o arrependimento é sentimento vertical, pois sendo vertical provém de Deus, e por conseguinte provoca mudança em nossa atitude.
O remorso produz tristeza, mas essa “tristeza” é aparente, ela nos leva a mostrarmos em nosso semblante que estamos com alguma dificuldade que não conseguimos lidar tranquilamente. Ou por não querermos lidar ou por nos ser conveniente essa aparência. Já o arrependimento gera transformação de atitude, e de aparência. O arrependimento vem do coração, e isso muda nosso humor e a vida.
Na Bíblia temos duas situações distintas que nos mostram bem essas atitudes, Pedro e Judas. Pedro foi avisado por Jesus que antes que o galo cantasse ele o trairia, o que realmente aconteceu, mas Pedro arrependeu-se e Jesus o perdoou e ele continuou junto sem nenhum problema, já Judas traiu a Jesus e não se arrependeu, sentiu remorso pelo ato, e a dor foi profunda então se matou.
Muitas vezes em nossas vidas nós agimos dessa maneira, somos prejudicados mas nos silenciamos e deixamos que a coisa siga seu curso, mas dentro de nós nasce um sentimento amargo de mágoa ou ressentimento e não vamos conversar com a pessoa que nos prejudicou, ou que achamos que nos prejudicou, esse amargo vai crescendo até se transformar em doença em nosso corpo, todas as vezes que olhamos para a pessoa não conseguimos acreditar que ela esteja feliz enquanto estamos em profunda amargura. O certo é irmos até ela e agirmos como Jesus nos mandou fazer em Mateus capítulo, 5 versículos 23 e 24: “Assim sendo, se trouxeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali mesmo diante do altar a tua oferta, e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão, e depois volta e apresenta a tua oferta”. Ou ainda quando da pergunta de Pedro, também no evangelho de Mateus capítulo 18, versículos 21 e 22: “Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete”. Nos dois momentos somos lembrados que a ofensa pode ser nossa ou de nosso irmão, mesmo assim devemos ir e perdoar, pedir perdão e perdoar, mão dupla. Então o melhor é realmente perdoar e não ficar remoendo dentro de nosso coração uma desculpa e sentindo remorso de nós mesmos. Ser cristão é tomar atitudes que o mundo acredita ser estranho, mas é ser diferente das cores que o mundo quer que tenhamos. Shalon.
Fonte: Remorso ou arrependimento Pr. Pedro R. Artigas