O Pai nosso

Pr. Pedro R. Artigas

Estamos na Quaresma de 2021, o ano ainda está em seu começo, mas os problemas continuam os mesmos do ano passado. O ano iniciou com agravamento da pandemia de Covid, o que parecia estar em seu final. Aumentou consideravelmente os índices de contaminação, creio que em parte porque estamos cansados de viver afastados, de não podermos comemorar, de sair, de festar, enfim pela primeira vez neste início também de novo milênio e de século, estamos diante de um grave problema que vem ceifando vidas.

Como bom povo sul americano, desobediente, desrespeitoso, não damos ouvido às ordens e regras que nos são colocadas. Acreditamos piamente que sabemos tudo, e podemos fazer o que quisermos, pois a doença não nos afeta, ela afeta e mata os outros.

Mas o que a Quaresma tem a ver com isso que acabamos de falar acima? É que esse momento da Igreja nos leva a considerar como estamos fazendo a nossa vida e como isso pode afetar ao nosso próximo. E nada melhor que nos lembrarmos da oração ensinada por Jesus. Podemos fazer como fazem muitos, recitá-la simplesmente sem que isso faça sentido para nós. Também podemos falar sem que as palavras de Jesus façam provimento em nosso coração. Mas quando oramos no verdadeiro sentido da palavra, essa oração cala profundo dentro de nós, seu significado é muito importante e podemos dividi-la em três partes distintas.

A primeira parte, ou a parte de adoração a Deus consiste em Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Esse prefácio de adoração é o fundamento geral da oração, e compreende o que nós devemos saber de antemão a respeito de Deus, antes que possamos orar confiantes de que seremos ouvidos. Da mesma forma indica-nos a fé, a humildade, o amor a Deus e ao próximo, com as quais devemos abordar a Deus em oração. Ao proclamar a santificação do nome de Deus estamos dizendo que nunca iremos usá-lo em vão, nem jurar pelo seu nome, pois ele é santo. Quando invocamos que o Reino venha e afirmamos que sua vontade será feita, na terra como no céu, além de dignificarmos o Seu nome, afirmamos que é o Senhor de todas as coisas e sua vontade é sobre tudo e todos. 

A segunda parte são as petições, o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal. Aqui ao pedirmos ao Pai sua proteção e alimentos nos colocamos em suas mãos benditas, e acolhedoras, o pão merecido recebido de Deus, é o pão do alimento, da bonança, da saúde, do trabalho honesto e fiel, além do pão do sacramento, que vem junto com a Graça e não é o pão que perece, mas o pão que permanece e nos dá a vida eterna. E pedir perdão pelas nossas dívidas (faltas) é o pedido de perdão pelo pecado consciente ou não que praticamos em todos os momentos. É o pedido de sermos também capacitados para perdoar aqueles que intencionalmente ou não nos prejudicaram. E agora o mais importante pedido, não permitir que caiamos em tentação, pois somos tentados, e devemos ser fortalecidos para não sermos derrotados pelo Maligno., pois com certeza, com a ajuda suprema daquele que não sucumbiu à tentação, teremos também a vitória.

E a última parte é a conclusão, pois teu é o Reino, o Poder e a Glória, para todo o sempre, e esta conclusão fala do direito soberano sobre todas as coisas que foram ou são criadas. O poder é o direito de Deus sobre a criação que ele governa, e finalmente a glória, que é o louvor devido por toda criatura e por toda obra maravilhosa, pela grandeza do reino, que dura para todo sempre.

O Pai Nosso tem então tudo a ver com a quaresma, tempo de restauração, e de perdão. Orar essa palavra singela deixada por Jesus é buscar a face e a graça de Deus sempre. Shalom.